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"Seja você a mudança que quer ver no mundo"

Mahatma Ghandi




quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Água no interior da Bahia está contaminada com urânio

Água no interior da Bahia está contaminada com urânio
Em meio à secura do sertão, moradores têm de escolher entre passar sede ou arriscar a saúde.

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O ônibus que estava caindo aos pedaços virou caminhão-pipa. É a única fonte de água dos moradores de Maniaçu, em Caetité, sudoeste da Bahia.

“Temos dificuldade até para matar a sede. Se o caminhão não passar, não bebemos água”, diz a dona de casa Maria Aparecida do Nascimento.

O chafariz que abastece o povoado está fechado. O motivo é o mesmo que levou uma lagoa da região a ser interditada: água imprópria para o consumo, com altos teores de radiação.

Ao todo, 22 pontos de abastecimento foram examinados por técnicos do governo da Bahia. Os resultados comprovaram que oito deles estão contaminados, inclusive um poço de uma comunidade rural. O nível de radiação encontrado na água foi sete vezes maior que o tolerado pela Organização Mundial de Saúde.

As fontes contaminadas ficam perto da mina de urânio explorada pela empresa estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB). As causas da contaminação estariam na usina de beneficiamento do minério. Ela produz 400 toneladas por ano de concentrado de urânio, matéria-prima do combustível que alimenta as usinas nucleares de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.

Há suspeitas de que material radioativo teria vazado das piscinas de decantação, que são tanques que recebem o minério triturado.

“Um operador esqueceu de fechar totalmente uma válvula e houve um transbordamento para as calhas, que foi a bacia. Como estava chovendo muito, um pouco de solvente saiu, mas ficou dentro da área da usina, foi totalmente contido, nada foi para o meio ambiente”, afirma o gerente de produção da Usina Hilton Mantovani Lima.

A INB foi multada pelo Ibama por ter omitido o acidente. Apesar dos riscos, moradores da área dizem que ainda não deixaram de usar o poço. A dona de casa Carmelita Amorim se queixa de que a água do caminhão-pipa não chega para ela.

“Vou com o tambor, dou a mão para eles, que estou sem água, eles passam balançando o dedo dizendo que já tem compromisso lá na frente. Eu não posso ficar com sede, tem que usar essa água aí”, justifica Carmelita Amorim.






O ônibus que estava caindo aos pedaços virou caminhão-pipa. É a única fonte de água dos moradores de Maniaçu, em Caetité, sudoeste da Bahia.

“Temos dificuldade até para matar a sede. Se o caminhão não passar, não bebemos água”, diz a dona de casa Maria Aparecida do Nascimento.

O chafariz que abastece o povoado está fechado. O motivo é o mesmo que levou uma lagoa da região a ser interditada: água imprópria para o consumo, com altos teores de radiação.

Ao todo, 22 pontos de abastecimento foram examinados por técnicos do governo da Bahia. Os resultados comprovaram que oito deles estão contaminados, inclusive um poço de uma comunidade rural. O nível de radiação encontrado na água foi sete vezes maior que o tolerado pela Organização Mundial de Saúde.

As fontes contaminadas ficam perto da mina de urânio explorada pela empresa estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB). As causas da contaminação estariam na usina de beneficiamento do minério. Ela produz 400 toneladas por ano de concentrado de urânio, matéria-prima do combustível que alimenta as usinas nucleares de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.

Há suspeitas de que material radioativo teria vazado das piscinas de decantação, que são tanques que recebem o minério triturado.

“Um operador esqueceu de fechar totalmente uma válvula e houve um transbordamento para as calhas, que foi a bacia. Como estava chovendo muito, um pouco de solvente saiu, mas ficou dentro da área da usina, foi totalmente contido, nada foi para o meio ambiente”, afirma o gerente de produção da Usina Hilton Mantovani Lima.

A INB foi multada pelo Ibama por ter omitido o acidente. Apesar dos riscos, moradores da área dizem que ainda não deixaram de usar o poço. A dona de casa Carmelita Amorim se queixa de que a água do caminhão-pipa não chega para ela.

“Vou com o tambor, dou a mão para eles, que estou sem água, eles passam balançando o dedo dizendo que já tem compromisso lá na frente. Eu não posso ficar com sede, tem que usar essa água aí”, justifica Carmelita Amorim.

Aposentada de 86 anos morre à espera de vaga em UTI

Aposentada de 86 anos morre à espera de vaga em UTI
Parentes foram ao Ministério Público e à Defensoria tentar na Justiça a transferência da aposentada

Uma aposentada de 86 anos morreu em Salvador após nove dias de espera por uma vaga em UTI. A família da idosa chegou a entrar na Justiça para agilizar o internamento.

Elizete Aragão Ferreira foi levada para a emergência do 5º Centro de Saúde, na Avenida Centenário, no último dia 15, com problemas na vesícula. Dona Elizete Aragão Ferreira foi atendida, mas o quadro se agravou.

‘Quando ela veio aqui ela estava debilitada, mas não estava com os inchaços que está. Simplesmente pararam de dar medicação porque não encontravam mais nenhuma artéria’, relata o neto Jaime Lima.

Na terça-feira (23), parentes foram ao Ministério Público e à Defensoria tentar na Justiça a transferência da aposentada.

‘Se é culpa do gestor, eu não sei. Se é culpa do Sistema Único de Saúde, eu não sei. Só sei que alguém tem que pagar pelo erro’, desabafa o neto da aposentada.

O Aborto, Projeto Matar, e o Projeto Tamar

O Aborto, Projeto Matar, e o Projeto Tamar


Cícero Harada

Advogado
Procurador do Estado de São Paulo
Conselheiro da OAB-SP
Presidente da Comissão de Defesa da República e da Democracia-OAB/SP

Desde 1980, o Projeto Tamar protege a vida das tartarugas marinhas. É um esforço louvável em prol da vida. Nas áreas de desova, são monitorados 1.100 km de praias todas as noites durante os meses de setembro a março, no litoral, e de janeiro a junho, nas ilhas oceânicas, por pescadores contratados pelo TAMAR. São chamados tartarugueiros, estagiários e executores de bases. São feitas a marcação e a biometria das fêmeas, a contagem de ninhos e ovos. A cada temporada, são protegidos cerca de catorze mil ninhos e 650.000 filhotes.

Se alguém destruir esses ninhos e ovos de tartaruga, comete crime contra a fauna, espécie de crime contra o meio ambiente (Lei nº 9.605/93).

Já, na Câmara dos Deputados, tramita o importante Projeto de lei nº 1.135/91 que pretende legalizar o aborto do nascituro, em qualquer fase, até o nascimento. Sim, até o nascimento, porque apesar de o substitutivo falar em direito ao aborto até a 12ª semana, o seu último artigo revoga os artigos 124, 126, 127 e 128 do Código Penal, ou seja, é um verdadeiro Projeto Matar. A decretação da morte sem culpa do ser humano em um momento de maior fragilidade, sem que se lhe dê o direito à defesa, é um dos maiores absurdos que esta “civilização” pode perpetrar.

Digo absurdo, mas poderia dizer burrice cavalar, má-fé assassina, egoísmo desenfreado, hedonismo perverso, eugenia imperial e vai por aí.

Não será preciso estudar embriologia para saber que, desde 1827, graças a Karl Ernest von Baer, ficou assentado que, a partir da concepção, existe uma nova vida. Uma criança em sua simplicidade e pureza encanta-se com as novas vidas que estão nos ovos das tartarugas tão protegidos nos ninhos pelo Projeto Tamar, encanta-se ao saber que em breve virá à luz seu irmãozinho ou irmãzinha, ainda no ventre materno.

Mas não importa a ciência, não importa o direito, não importa o encanto de uma nova vida. Importa a frustração, o medo do sofrimento, em geral, futuro, os traumas, a perfeição eugenista, a liberdade de matar o próprio filho ainda no ventre.

Quando uma “civilização”, em nome da liberdade e do puro positivismo jurídico, sobrepõe a liberdade ao direito à vida, tem início um perigoso processo. Esse filme nós já assistimos no século XX. A maioria decidindo quando, como e em que circunstância uma minoria pode morrer. É a liberdade para o holocausto. Se o seu país não quiser, não o faça, mas não impeça que outros o façam. Em Nuremberg, todos se defenderam escudados no direito positivo.

O Projeto nº 1.135/91, que legaliza o aborto, é inconstitucional, pois, atropela o princípio da inviolabilidade da vida, prescrito pelo artigo 5º da Constituição Federal, ao legalizar o assassinato de crianças no ventre da mãe. É, reitero, um verdadeiro Projeto Matar. Mas, dirão os defensores do aborto: a ciência não sabe quando começa a vida. Respondo: é imprescindível comunicar o Projeto Tamar desse fato, assim, não será preciso gastar tanto dinheiro do contribuinte à toa, defendendo ovos de tartaruga. Será necessário descriminalizar o aborto de ovos de tartaruga. Será que alguém terá, ainda, a coragem de me objetar que, no caso da tartaruga, é diferente porque elas não têm liberdade de escolha? Então, viva a liberdade!



Autorizada a mais ampla divulgação

O Caçador e o Jardineiro

O caçador e o jardineiro PDF Imprimir E-mail
Escrito por Marcos Fabrício Lopes da Silva
Ter, 02 de Fevereiro de 2010 16:31



O poder tem ficado fora da esfera da política e se concentrado cada vez mais no campo econômico. A atividade do planejamento a longo prazo tem sofrido um processo de decadência, pois se vive uma época de culto à velocidade, fruto de um imediatismo processual que celebra o alcance dos fins sem dimensionar a qualidade dos meios necessários para atingir a meta desejada.Tal conjuntura favorece a lei do menor esforço – a comodidade – e enfraquece a lei do maior esforço – a dignidade. Estimula-se, com esse modelo, o pessimismo – a pior das realidades – e inibe o otimismo – o melhor dos mundos. Resultado: a descrença generalizada vem ameaçando o nosso poder de inovação. Sem utopia, não há transformação.



Para que a utopia nasça, é preciso duas condições. A primeira é a forte sensação (ainda que difusa e inarticulada) de que o mundo não está funcionando adequadamente e deve ter seus fundamentos revistos para que se reajuste. A segunda condição é a existência de uma confiança no potencial humano que esteja à altura da tarefa de reformar o mundo, crença esta articulada com a racionalidade capaz de perceber o que está errado com o mundo, saber o que precisa ser modificado, quais são os pontos problemáticos, e ter força e coragem para extirpá-los.



Utopia, nesse sentido, deixa de ser o “não-lugar” para se configurar como a busca de um mundo melhor para se viver. Porém, enquanto houver mais homens-bombas do que homens-pombas, a vida em nosso planeta sofrerá restrições cada vez maiores em termos de qualidade existencial. Ao conservar o espírito bélico que contamina a formação humana, temos reforçado o nosso lado “caçador” e deixado de lado a nossa dimensão de “jardineiros”. Na era pré-moderna, a metáfora que simboliza a presença humana é a do caçador. A principal tarefa do caçador é demarcar território, exterminar ameaças concretas ou imaginárias, reforçar a tese de que o mundo é dos mais fortes, dos mais aptos, dos mais espertos. A ação desse típico competidor repousa sobre a crença de que as coisas estão no seu melhor estágio quando não estão com reparos (ideologia da conservação); de que o mundo é um sistema divino em que cada criatura tem seu lugar legítimo e funcional; e de que mesmo os seres humanos têm habilidades mentais demasiado limitadas para compreender a sabedoria e harmonia da concepção de Deus.



Já no mundo moderno, a metáfora da humanidade é a do jardineiro. O jardineiro não assume que não haveria ordem no mundo, mas que ela depende da constante atenção e esforço de cada um. Os jardineiros sabem bem que tipos de plantas devem e não devem crescer e que tudo está sob seus cuidados. Ele trabalha primeiramente com um arranjo feito em sua cabeça e depois o realiza. Ele força a sua concepção prévia, o seu enredo, incentivando o crescimento de certos tipos de plantas e destruindo aquelas que não são desejáveis, as ervas “daninhas”. É do jardineiro que tendem a sair a legião de utópicos. Se ouvirmos discursos que pregam o fim das utopias, é porque o jardineiro está sendo trocado, novamente, pela ideia do caçador.



Ao se descuidar do global equilíbrio do sistema, os caçadores não consideram que seja de sua responsabilidade garantir a oferta na floresta para outros, que haja reposição do que foi tirado. Se as madeiras de uma floresta forem relativamente esvaziadas pela sua ação, ele acha que pode se deslocar para outra floresta e reiniciar sua atividade. Pode ocorrer aos caçadores que um dia, em um futuro distante e indefinido, o planeta poderia esgotar suas reservas, mas isso não é a sua preocupação imediata, isso não é uma perspectiva sobre a qual um único caçador, ou uma “associação de caçadores”, se sentiria obrigado a refletir, muito menos a fazer qualquer coisa. A única tarefa do caçador é perseguir outros caçadores, matar mais do que o suficiente para garantir o seu reservatório. Nele se encontra o instinto predatório. Isso é o que chamamos de “individualização”. Em oposição a esse modelo de tirania competitiva, precisamos ter a consciência ecológica dos “jardineiros”, destes seres empenhados em cuidar do meio ambiente que começa no meio da gente. Se as pessoas, coletivamente falando, sentissem que o espaço global sustentável se configura como extensão de seus corpos equilibrados, então, o ecossistema, enfim, seria compreendido de maneira autêntica, ou seja, como um belo jardim onde o que se busca não é somente a estética dos ‘espaços de fora’, mas principalmente a poética dos ‘espaços de dentro’. Ao invés de darmos espaço aos caçadores que destroem o mundo a partir de uma “caoslogia” fundamentalista, que tal nós acolhermos a conduta exemplar dos jardineiros que, dialeticamente, nos ensinam a conviver com a “cosmologia” que lê o nosso universo em seu pleno encanto?





Marcos Fabrício Lopes da Silva é Jornalista, formado pelo Centro Universitário de Brasília (UniCEUB). Doutorando e mestre em Estudos Literários/Literatura Brasileira pela Faculdade de Letras da UFMG.